Não é todos os dias que um grupo de amigos se reúne para escrever um livro que serve para reflectir, mesmo que de uma maneira muito indirecta sobre uma amizade que nasceu numa adolescência a décadas de distância e que, por isso mesmo, se vai tornando cada vez mais obscura e presente.
Resta a ficção da ficção de uma memória entretanto traída pelo prazer pelas contradições e mistérios do passado, que ainda formam, moldam as mentalidades decadentes deste círculo disconexo de infelizes.
Nascidos numa aldeia piscatória do litoral norte português, hoje espalhados por todo o país e alguns até a viver no estrangeiro (maldita sina lusitana), este grupo indefinido de pessoas, que sempre se abriu e fechou consoante as modas e necessidades individuais e/ou colectivas, vive incapaz de se esquecer do nome que sempre os uniu, “Verde Relva” e que até à publicação deste livro apenas por ele era conhecido.
A única referência literária que existe sobre a expressão remonta a um texto anónimo escrito algures no meio do século XX, associado a um movimento pós-surrealista e pré-absurdo, quando apenas restava o vazio, que a censura comia o resto, e por isso talvez o verde, de esperança, e a relva, de desconcertante. O autor (e até podem ser vários) deste pequeno poema entitulado “Verde” é desconhecido provavelmente por medo de ser perseguido pela PIDE, pois quando uma mensagem simplesmente não existe, mais assustado fica aquele não a percebe e, tal como diz o provérbio, quem tem por profissão perseguir, arrisca-se a ser pouco mais que um ignorante.
Tenho comigo o texto original, guardado por mim na gaveta da minha secretária onde agora escrevo, debaixo do revolver que guardo com carinho, protegendo-me da coragem que me apetece diariamente para pôr fim sabe deus a quê, agarrando-me à vida pela memória do que fomos e relembrando-me de todas as inutilidades que ainda estão para vir, fazendo assim valer a pena continuar.
O anonimato porque são anónimos aqueles que conheceram a expressão mágica, aquela que apenas por si só os revela.
Resta a ficção da ficção de uma memória entretanto traída pelo prazer pelas contradições e mistérios do passado, que ainda formam, moldam as mentalidades decadentes deste círculo disconexo de infelizes.
Nascidos numa aldeia piscatória do litoral norte português, hoje espalhados por todo o país e alguns até a viver no estrangeiro (maldita sina lusitana), este grupo indefinido de pessoas, que sempre se abriu e fechou consoante as modas e necessidades individuais e/ou colectivas, vive incapaz de se esquecer do nome que sempre os uniu, “Verde Relva” e que até à publicação deste livro apenas por ele era conhecido.
A única referência literária que existe sobre a expressão remonta a um texto anónimo escrito algures no meio do século XX, associado a um movimento pós-surrealista e pré-absurdo, quando apenas restava o vazio, que a censura comia o resto, e por isso talvez o verde, de esperança, e a relva, de desconcertante. O autor (e até podem ser vários) deste pequeno poema entitulado “Verde” é desconhecido provavelmente por medo de ser perseguido pela PIDE, pois quando uma mensagem simplesmente não existe, mais assustado fica aquele não a percebe e, tal como diz o provérbio, quem tem por profissão perseguir, arrisca-se a ser pouco mais que um ignorante.
Tenho comigo o texto original, guardado por mim na gaveta da minha secretária onde agora escrevo, debaixo do revolver que guardo com carinho, protegendo-me da coragem que me apetece diariamente para pôr fim sabe deus a quê, agarrando-me à vida pela memória do que fomos e relembrando-me de todas as inutilidades que ainda estão para vir, fazendo assim valer a pena continuar.
*
Verde
Há verde alface e verde marciano,
Há verde abacate e verde mundano.
Há verde turquesa, verde chá e desbotado
há verde grama, o kentucky está esgotado.
Também há verde exército e outros verdes à maneira,
verde lima, abacate, primavera, jade,
Broto, esmeralda, musgo e bandeira.
Há chartreuse, aspargo, escuro, verde-mar,
Oliva, floresta, menta, fantasma ou lunar.
Pessoalmente gosto daquele verde
Que é o verde erva,
Mas dizem que não há verde
Como o verde relva.
*
O anonimato porque são anónimos aqueles que conheceram a expressão mágica, aquela que apenas por si só os revela.
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